25/02/2013

ontem, passei a tarde e boa parte da noite na praia e o dj que tava tocando no bar encerrou o set com "this charming man", dos smiths. além de ter gostado do fundo eletrônico que o cara conseguiu harmonizar com a música, também me animei por lembrar imediatamente de um amigo, hoje não mais tão próximo, que fez minha iniciação com the smiths. minha primeira reação foi pegar o celular e digitar algo simples e rápido só pra registrar a lembrança e, nas entrelinhas, o bem querer.

antes de enviar, parei um pouco pra pensar e não hesitei em desistir de enviar. reparei que era um domingo à noite e que o amigo poderia estar acompanhado da namorada, que a namorada não me conhece, é taurina e taurinos são bastantes ciumentos. veja que foi um raciocínio simples e não demandou muita inteligência e/ou energia. não precisei sequer me colocar no lugar da pessoa, que eu pouco conheço, pra ponderar as consequências ruins de uma mensagem totalmente despretensiosa.

não morri, não fiquei triste, não caiu um braço, eu não perdi nada por pensar além do meu umbigo, além da saudadinha que senti quando a música tocou. já tive que administrar inúmeras situações causadas por quem é imediatista e só prioriza suas vontades. uma amiga do meu então namorado, não qualquer amiga, mas uma que já tinha sido pivô de vários desentendimentos nossos, chamou o cara pra um café no último dia do ano. qual a dificuldade das pessoas pensarem como eu pensei ontem?

algumas situações chatas, constrangedoras, desgastantes poderiam podem ser evitadas. basta que a pessoa queira. a questão é: a pessoa quis quer evitar?

20/02/2013

sou medrosa. sempre fui. o medo é o principal responsável pela maioria dos meus defeitos, principalmente meu pessismismo. disso todo mundo sabe, não precisa ser meu terapeuta pra notar. só que hoje me dei conta de como o medo da inveja alheia me afeta e fiquei assustada. eu já notava que me acanhava, mas hoje admiti que me limito por receio das possíveis energias ruins geradas por terceiros.

nessa dinâmica, acabei assumindo (como mecanismo de defesa) de forma constante (inconscientemente) uma posição ruim. reclamo, estou sempre inconformada, mas nunca na posição de vítima; eu brinco com a minha própria desgraça, como quem se acostumou a se dar mal. quando, na verdade, eu SEI que eu tenho saúde, pais equilibrados, uma família que me apoia e me aceita [mesmo eu falando os maiores absurdos que alguém pode ouvir], amigos que me amam, confiam em mim, me procuram pra falar o que só confidenciariam pra própria sombra e que, resumindo, tudo bem que todo o resto tá uma merda, porque eu tenho isso de bom e raramente explicito e agradeço.

daí parei pra pensar que tem gente que quer estar no lugar do outro, mesmo que a vida do outro seja pior, muito pior. não existe nenhuma forma de você controlar para que o outro pense que o seu jardim é menos verde que o dele. nessa hora, comecei a achar minha postura absurda, porque eu vinha me baseando em possibilidades, não em probabilidades. por outro lado, entendo o que me deixou assim: me acho fraca e até um pouco incapaz de me blindar das expectativas alheias.

depois disso, tomei uma decisão: vou deixar que as pessoas escolham o que fazer com o que souberem da minha vida, em vez de ficar com a [falsa] ilusão de que, trancando minhas informações, eu estou protegida. a partir de agora, pretendo empregar minhas energias em um escudo e em preces para que tudo que chegar nele voltar pra onde foi originado ou se dissipar bem longe de mim.

02/01/2013

comecei 2013 com uma infecção bacteriana na garganta que eu nunca tinha tido igual desde a primeira, aos 4 meses de idade. minha primeira visita do ano foi ao hospital e depois à farmácia.

disfarcei bem os calafrios? rs
é claro que isso foi herança de 2012. sem nenhum sintoma anterior, simplesmente acordei no último dia do ano com a garganta fechada e, como merda pouca é só bobagem, no decorrer do dia, fui vendo o meu plano de último dia do ano [que era um plano ridiculamente simples] ser frustrado e a principal responsável por isso ser exatamente uma criatura que colaborou com alguns dos inúmeros fracassos que permearam o ano que acabou de acabar. inicialmente, fiz o de praxe: gritei, esperneei, fiz previsões pessimistas e irracionais, depois fui lavar meu cabelo e trabalhar pra me acalmar; me acalmei demais e passei a ter intervalos de choro cada vez que revisitava alguns dos outros 365 dias.

e 2012 foi como essa crise de garganta: o pior de todos. passei 2012 esperando 2012 passar. essa é a trágica verdade. meu ano astrológico virou em setembro de 2011 e, três meses depois, sofri um segundo sequestro relâmpago, parecia um aviso do que ainda estava por vir. em maio, minha avó morreu; ela, que era uma segunda mãe, extremamente presente e uma das pessoas mais importantes da minha vida.

passei o primeiro semestre inchando com injeções mensais de corticóides que eu tomava porque não tinha tempo nem paciência pra procurar um profissional que cuidasse não das crises respiratórias, mas do meu quadro a longo prazo. fiquei esquisita, gorda e minha auto estima zerou (negativou).

em julho, uma árvore caiu na rua do meu trabalho e levou a energia embora antes que eu salvasse o arquivo que tinha produzido com minha chefa cinco minutos antes. no dia seguinte, quando soube da perda do arquivo, ela achou por bem me chamar de doentinha da cabeça e eu decidi que seria minha última semana lá.

deus sabe como eu detesto ficar sem uma ocupação, mas aí eu acabei tendo disposição pra cursar a última disciplina que faltava pra concluir o curso e pra supostamente fazer a monografia, que é lógico que eu não fiz. a ufma ainda entrou numa greve do tamanho da que eu peguei quando entrei na ufpi, em 2005. nada conspirou a favor.

por falar em deus, o fundo do poço, atingido em outubro, me reaproximou da igreja. rituais são obrigatórios para pessoas de signo de terra como eu e foi isso [além da persistência da minha mãe] que acabou me atraindo.

bom, apesar do meu virginianismo, livrei esse post dos detalhes até mesmo pra evitar que ele se tornasse um muro de lamentações. tudo isso foi pra dizer que, depois de outra virada astrológica e de atingir o fundo do poço, comecei a vivenciar o que 2013 reserva. voltei pra terapia, acertei de medicamento e obtive resultados rápidos e eficientes do conjunto dessas medidas. estou cada vez mais próxima do que sou e mais distante do que estava (nos últimos 3 anos). continuo não acreditando em milagres, não virei uma otimista. mas sair do meu quarto, conseguir um orientador, investigar minha saúde, perder seis quilos, acertar o cabelo e retomar o namoro, com certeza me fazem ter uma perspectiva muito melhor de tudo. infelizmente, não posso me dar ao luxo de demonstrar meus planos e minhas conquistas como eu gostaria, pelo menos não ainda; notei que tem MUITA energia ruim [gerada até mesmo por pessoas que tenho como próximas] e só esperando a oportunidade de me abater. mas 2013 tá aí pra isso; vou me fortalecer e combater esse tipo de coisa com a mesma eficiência que me determinei a curar a pior crise de garganta de todas.

07/12/2012

sobre pessoas medianas

hoje, por volta de dez e meia da manhã, chegou pela minha timeline do facebook a notícia de que um rapaz, com apenas 25 anos de idade, acabara de ser aprovado num concurso para o cargo de juiz federal. o texto informava que ele havia estudado no instituto dom barreto durante toda a vida escolar, mesmo colégio em que cursei todo o meu ensino fundamental.

antes de começar a me torturar com meus mecanismos de boicote emocional por lembrar que, com 26 anos, eu ainda não conquistei nada pra chamar de meu, mudei o foco e passei a outro mecanismo. agora, estou pensando como cheguei até aqui, vindo do mesmo lugar que o mais novo juiz federal do brasil. é inquestionável que o dom barreto seja a instituição que mais aprova e que mais emplaca primeiro lugar de qualquer coisa brasil afora; aliás eu não duvidaria se ele fosse inclusive o colégio mais limpo do país. mas o que ninguém lembra ou gosta de falar é das coisas em que o dom barreto não só não é o melhor, como seria forte concorrente a pior. de 2000, o ano em que desisti, pra cá, dificilmente vi reclamações (principalmente públicas) de pessoas que, em algum momento não se adequaram aos métodos praticados na escola ou relatos de situações traumáticas que eram bastante comuns nos anos que estudei lá. ao contrário disso, vejo muita gente que já passou por maus bocados (e provavelmente ainda hoje passa) dizendo que sente saudades disso, daquilo ou daquele; não me admira que o esboço de tamanha hipocrisia tenha sido traçado nas dependências daquelas salas brancas.

não estou aqui pra falar do que todo mundo já sabe, estou aqui pra alertar sobre o que ninguém comenta, pra lembrar dos colegas que, em plena sexta série, levavam bebida alcoólica pra que já foi eleita a melhor escola do brasil. essa mesma escola abrigava nos anos 90 pré adolescentes que não só bebiam, como levavam para a escola, não por quererem ficar bêbados durante a aula, mas pelo prazer animalesco de desobedecer às regras [de-melhor-escola-do-brasil], desafiar as autoridades e conquistar prematuramente o status de impunes, porque eram muito bem acobertados pelos outros alunos que testemunhavam. depois de anos de prática dessa brincadeira de péssimo gosto, apenas uns dois ou três bodes expiatórios foram expulsos por conta de um dedo duro, contra quem todos se voltaram, ao final de tudo.

eu sou de um tempo de dom barreto em que os alunos ainda podiam respirar de suas fardas azuis ao final dos semestres e ir pra escola mais à vontade, vestindo o que desejassem. lógico que a tranquilidade de poder escolher a roupa de ir pra escola era completamente ilusória, porque as impressões e os julgamentos que essa escolha acarretava eram extremamente aprisionadores. e, foi numa época como essa, de véspera de férias, que eu vivenciei uma das situações mais traumáticas da minha vida.

como em qualquer escola que não é a melhor do brasil, todo mundo aproveitava o final de ano pra riscar uma das camisas de farda com assinaturas dos amigos, mas o período era propício também para cada qual ostentar suas câmeras fotográficas e filmadoras com o objetivo de registrar quem participou da sua vida durante aquele ano. em 97, acabei sendo registrada em câmeras de quem eu tinha pouca ou nenhuma participação, porque uma colega planejou uma trama que despertaria inveja em joão emanuel carneiro. a bárbara, que só foi expulsa do colégio alguns anos e muitas perversidades depois, fez jus ao seu nome e mobilizou duas pessoas pra me distraírem e me levarem até uma quadrinha de jogos mais isolada e convidou uma dezena de outros alunos, munidos de suas câmeras, a se esconderem e só aparecerem no momento de registrar o que ela estava prestes a fazer: subir o vestido que eu estava usando até a altura que ela conseguisse. e ela conseguiu levantar o suficiente para que todos vissem, rissem e eternizassem a cena. me corrija se eu estiver sendo dramática, mas, até para os valores de 2012, isso é MUITO para uma recém pré adolescente.

eu estudei e convivi com pessoas extremamente perversas que foram não só aceitas, como aplaudidas porque eram donas das melhores notas e/ou dos mais ricos bolsos. quem disser que era médio ou pobre e tratado com igualdade e acolhimento no instituto dom barreto, vai estar mentindo, assim como quem disser que era excluído, mesmo sendo rico e/ou tendo as melhores notas. entendo que essa seja a lei que rege o capitalismo e que isso não seja muito diferente da perspectiva de mundo que eu tenho hoje, mas lidar com isso aos 12 anos de idade era mesmo necessário? o que essas diferenciações me ensinaram, associadas a muitos golpes contra a minha auto estima ("é a metogologia da escola, aiara"), foi que: não importava o quanto estudasse, eu sempre seria a aluna 7,5 e que não importa o quanto me esforce, eu sempre vou ser uma PESSOA 7,5.


voltando ao objetivo inicial, o que ninguém gosta de falar é que, assim como eu, sempre teve muito aluno 7,5 no instituto dom barreto, aliás, a maioria das pessoas é considerada 7,5 no conceito desta fábrica de gênios bem sucedidos. mas e aí? por que ninguém fala dessa maioria? o que foi feito deles? onde foram parar? tudo indica que os alunos 7,5 não interessam, porque dificilmente tiveram o futuro que a escola propõe e difunde para a vida de seus alunos. pessoas na média acabam tendo uma vida na média. e quem se importa com o médio?


ninguém me perguntou, mas a aluna 7,5 aqui está no sétimo ano de um curso que dura quatro. a mediana aqui não sabe o que vem depois do diploma, mas sabe que não vai ser campeã de concurso. com sorte, mais alguns anos de terapia vão me ajudar a recompor a auto estima danificada e aí pode ser que, desmistificando tudo de ruim que o colégio de gênios me impôs, eu consiga finalmente descobrir alguma genialidade em mim.

12/12/2011

9's fora

quem me conhece há pelo menos dois anos, sabe sobre a minha zica com anos ímpares. mas a minha memória é seletiva e eu sempre acho que esse ano ímpar foi pior que o anterior. 2011 foi um lixo e eu nunca vi tanta gente [próxima ou distante] implorar que ele termine rápido e menos doloroso do que tem sido.

se você já me leu por aqui, sabe que eu não costumo fazer balanço anual, que meus ciclos terminam e iniciam de uma forma bem pouco convencional, mas, diante de tanta coisa louca e ruim, não resisti e desobedeci à minha própria regra, porque já me peguei algumas vezes procurando saldos e me planejando pra melhorar o que puder ser melhorado em 2012.

ainda em 2010, deixei de ser estagiária, porque fiquei iludida por um emprego que parecia ter o meu perfil. em 2011, descobri que era uma fria, mas não adiantava, eu já tinha entrado o ano de plantão, trabalhando numa festa de reveillon pela qual eu dei o meu sangue e o meu suor pra realizar e nunca tive reconhecimento. fui arrogante, porque não aguentei ser chefiada por alguém que não sabia concordar sujeito com predicado e fiz uma das coisas mais sóbrias desse ano horroroso: me demiti.

em 2011, só faltou uma disciplina e a monografia pra eu me formar. e eu não me formei. em janeiro, me demiti desse emprego que me pagava bem, mas me sugava e me adoecia dia após dia. fiquei desempregada até julho (o período das férias da maioria dos meus amigos que moram fora). voltei como estagiária, coisa que já tinha me prometido que não iria me submeter. mas eu pago todos os pecados por ser tão orgulhosa e me pego desdizendo tanta coisa... eu não podia e nem queria ficar (mais) parada.

em 2011, me dediquei quase que exclusivamente à saúde da minha avó durante meses do primeiro semestre. por duas ou três vezes, larguei toda a minha vida em são luís e fui às pressas fazer uma coisa que eu sequer sabia [mal cuido de mim mesma]. por outro lado, o pai de uma das minhas grandes amigas morreu num acidente automobilístico trágico e eu não pude estar presente quando ela estava precisando de ajuda. a madrinha do meu primeiro casamento ficou sem o pai e até hoje não sei como ela conseguiu segurar a onda de tudo isso; foi só uma das minhas preocupações.

em 2011, constatei que gosto de clipping e de rádio e que dificilmente eu vou ganhar dinheiro com isso. o dinheiro que eu preciso pra conhecer os lugares que eu sonho. isso significa que, em 2012, eu vou ter que partir pro que meus pais planejaram pra mim: estudar pra concurso. todo mundo diz que eles sabem o que é melhor pros filhos, não vou querer (mais) questionar, né?

em 2011, no mês de fevereiro, eu completei 10 anos de amizade com as meninas do ensino médio, mas depois foi cada uma prum lado do brasil e eu me sinto frequentemente invadida pela sensação de que vai ficar cada vez mais difícil da gente se encontrar.

em 2011, viajei. passei o carnaval no rio de janeiro, tive dez dias maravilhosos em são paulo, vi uma das minhas bandas internacionais preferidas tocar no rock in rio, fui ver o show de um dos melhores dj's do mundo em fortaleza, fiz minha visita anual a jericoacoara. mas, quando voltei, estava tudo exatamente como eu tinha deixado. o que estava ruim, continuava ruim. o que estava sem solução, continuava sem solução.

em 2011, eu ganhei a oportunidade de notar que posso voltar a gostar de alguém, mesmo que esse alguém seja quatro anos mais novo. por outro lado, discuti e me intriguei com uma amiga de longas datas, porque ela achou que poderia me proteger do mal que esse menino me fez e porque ela não entende que nem a minha mãe consegue me proteger de qualquer sofrimento, por que ela conseguiria?

2011 levou embora a amy winehouse, uma gênia talentosa, inspiradora, apaixonada, que nunca soube o que fazer com tanta coisa boa que tinha naturalmente. e trouxe de volta o meu príncipe, um menino que ainda não entendeu que já é homem. ele me inspira e me frustra quase com a mesma intensidade. mas, como ele pretende não mais me frustrar, resolvi procurar outra inspiração. a sensação de desperdiçar o que pode ser uma grande história é indescritível. nem um escritor conseguiria. estou desolada.

minhas unhas nunca estiveram tão curtas quanto em 2011 e meu cabelo nunca esteve tão longo e tão loiro. não consegui ler sequer uma revista completa, que é meu tipo preferido de redação. livro? nenhum MESMO. arrependimentos: dois (dos GRANDES). passei muito tempo dormindo, esperando essa onda de coisas ruins passar.

e, agora, estou usando esses últimos 20 dias que me faltam para organizar tudo e resolver a minha vida em 2012. não vou brincar de desafiar que algo consiga ser pior do que 2011, tenho medo do universo aceitar o desafio e me provar o contrário. mas estou muito disposta a juntar os cacos que restaram de mim e usar todo o meu perfeccionismo pra me montar exatamente como estava. talvez melhor.

21/06/2011

[...]um ruído abriu a terra. havíamos pisado em algum nervo até produzir a dor, que é sempre lacerante. assim foi nosso afeto: meses inteiros sem que a agulha do relógio girasse, sem que nenhum rótulo marcasse nossa(s) vida(s)[...]

pedro marqués de armas

12/05/2011



- i love you. so much. so much. and i wanna make you happy. i need to make you happy for me to even have a shot at being happy. will-you-marry-me?